Pedal realizado em 28 de outubro de 2012, originalmente publicado em outro blog (que não existe mais) por este que vos escreve. Aqui segue transcrição fiel à original (ou não).
Se classificássemos todos os pedais desse blog em níveis de dificuldade, o deste sábado certamente seria o de nível extra-lazarento de difícil.
A ideia da peleja foi lançada pelo Daniel, poucos dias depois da bicicletada do dia mundial sem carro (22/09/2012). Antes disso, numa conversa, sugeri um pedal Curitiba-Londrina, a ser realizado no início do próximo ano (2013) e ele veio com a sugestão de um "treino inicial":
- Vamos para Ponta Grossa pela estrada do Cerne?
- Claro! Por que não?
Estava feita a roubada...
A semana que antecedeu o evento foi marcada por muita chuva, a ponto de na sexta-feira a tarde - véspera do pedal - ainda restar um pouco de dúvida sobre a viabilidade da empreitada, apesar dos preparativos, como revisão das bikes e aquisição dos víveres, já terem sido feitos. À noite, meio descrente, arrumei a bicicleta e os alforges (sim, alforges - era uma viagem teste, lembra?), programei o despertador e fui dormir. Acordei antes do alarme, as 03:50 da matina, e sem ouvir "buia" de chuva, levantei, tomei café e saí com destino ao ponto de encontro - o Shopping Estação, em Curitiba. O Leandro, que inicialmente nos acompanharia, apareceu com uma bike estilosa, para fazer a parte do asfalto. Ele acabou indo à Palmeira - confira aqui o relato.
Saímos do Estação as 06:00h fomos em direção ao Parque Barigui para pedalar pela BR 277, evitando a famigerada Av. Manoel Ribas.
O asfalto continua. O pedal segue tranquilo até uma ponte, onde, digamos, começa a diversão, ou seja, estrada não pavimentada. Paisagens bucólicas. Subidinhas tranquilas. O pedal ia na boa.
Como o nobre leitor deve saber, após uma descida e a presença de um rio, inevitavelmente aparece uma subida. E que subida!!! Eram 11 e pouco da manhã, o sol já estava cozinhando e a subida não acabava. A estrada fazia uma curva contornando os morros e a esperança do fim da subida se transformava na realidade insana da sua continuação. É claro que algumas vezes a estrada ficava plana e o que é pior (num momento desses), às vezes apareciam outras descidas para depois surgirem outras subidas mais lazarentas (com o perdão da palavra, nobre leitor).
Na estrada quase não havia botecos e acabamos passando direto pelo único que havia, justamente quando a sede daquela Coca-Cola gelada se fazia presente (também, o boteco ficava meio escondido e no começo de uma descida). Fazer o quê? Pelo menos tínhamos água e os lanches, claro.
Após essa longa peleja contra as subidas, eis que surge um trevo e a placa indicando a direção de Ponta Grossa. Isso quando já tinha pedalado uns 100 km - lembre que eu saí de São José dos Pinhais. Achei que tinha acabado o trecho mais difícil (iludido). Pedalamos mais um pouco, pedimos água numa casa e perguntamos sobre a presença de um bar nas imediações. A moradora indicou que um pouco mais à frente haveria o Bar do Nei. Beleza. Paramos no referido estabelecimento e matamos aquela Coca gelada. Trocamos umas ideias com o dono do estabelecimento (o próprio Nei, presumo) e todos os outros dois frequentadores. Eles indicaram um ponto de sinal de celular e finalmente podemos dar sinal de vida às patroas. Eram mais ou menos 14:30h e como faltavam aproximadamente 60 km para PG, Achei que conseguiríamos chegar ao destino antes das 19:30h e apanhar o ônibus das 20:00h para o retorno. Mas eu ignorava o que a estrada reservava para depois...
Começaram a aparecer câimbras, dores no joelho, desconforto em relação ao selim, vish... e o pior... as subidas. Elas continuavam e parecia que cada vez maiores...
O tempo passando rápido e a quilometragem para chegar diminuindo lentamente. Comecei a empurrar a bicicleta (para aliviar a dor no joelho), mas parecia que cansava ainda mais (eta, falta de preparo...)
Com o passar das horas o tempo foi fechando. Achamos que tomaríamos aquele banho, mas por sorte (ou azar) o vento soprava na direção contrária à nossa e acabou empurrando a chuva. Só levamos alguns pingos. Como nosso progresso era pequeno, começamos a levar em conta a possibilidade de pernoitar em PG, voltando no domingo cedinho. Uma pena, pois a Tati prepararia uma lasanha para o jantar.
Paranos mais uma vez para pedir água numa casa e o senhor que nos atendeu disse que faltava uns 35 km e que seria só subida (hahahaha).
Fim da estrada de terra. |
Começo do asfalto |
Quando a estrada de terra acabou, já eram mais de 19:30, começando a escurecer. Faltavam uns 20 km para a entrada da cidade, mas, pelo menos, era asfalto (com algumas subidinhas para variar). A ideia de pegar o ônibus das 20:00h já tinha ido para o espaço. O último ônibus sairia às 22:00h (seriam duas horas para chegar em Curitiba e eu ainda teria que pedalar uns 22 km), então resolvemos pernoitar por lá mesmo. Faltava avisar as patroas e pra variar não havia sinal de celular. Só conseguimos sinal por volta das 20:30h.
Perto das 21:00h estávamos entrando na cidade, depois de 15 horas pedalando (eu, um pouco mais...). Íamos pelo canto da avenida, quando sugeri que fôssemos pela ciclovia. O Daniel foi desviar de um nobre pontagrossense com elevado teor etílico e acabou furando o pneu dianteiro. Depois da troca, bora atravessar a cidade pra chegar perto da rodoviária e arrumar um pouso.
Ficamos no primeiro hotelzinho que encontramos, pois começava a chover forte. Rachamos uma pizza e fomos descansar. Estava pregado e por isso não consegui dormir logo. Pra ajudar, a barulheira da rua invadia o quarto e só de madrugada amenizou um pouco.
No dia seguinte pulamos cedo, tomamos o café incluído no pernoite e fomos à rodoviária. Embarcamos às 8:30 (tivemos que pagar taxa de bagagem pra levar as bikes). Nem foi necessário retirar os alforges. Desembarcamos as 10:35h em Curitiba. Ainda com dores no joelho, peguei o rumo de casa, onde cheguei por volta do meio dia, fechando com 185 km pedalados.